A polêmica dos patinetes elétricos

12/07/2019

Considerado "febre" em diversas cidades do mundo, os patinetes sustentáveis geram cada vez mais dúvidas 

Menos carros?

O patinete elétrico vai realmente substituir o carro? Eles são ecológicos de verdade em sua fabricação e ciclo de vida? O novo meio de transporte, cada vez mais usado nas capitais mundiais, ainda tem muito a responder e provar. 

Uma das maiores operadoras de patinetes elétricos do mundo, a americana Bird, foi fundada para contribuir na criação de um mundo mais limpo e hospitaleiro, no qual o indivíduo é prioritário em relação ao automóvel, dizem os responsáveis pela marca.

Segundo a companhia, o patinete "estimula as alternativas ao automóvel, reduz o tráfego e melhora a qualidade do ar". 

No final de 2018, a cidade de Beverly Hills decidiu proibir a circulação dos veículos de mobilidade pessoal alegando violação das leis ambientais, decisão que foi recorrida pela Bird que garantiu, "os patinetes que circulam nas ruas têm um motor com zero emissão de gases poluentes".

Segundo um informe da consultoria McKinsey, "a micromobilidade pode, em tese, assegurar os deslocamentos de menos de oito quilômetros, que representam entre 50% e 60% do total na China, na União Européia e nos Estados Unidos". Mas até que ponto o patinete substitui o automóvel?

Segundo a Lime, outra empresa líder do setor, que se apoia em estudos realizados em 26 países "em média um a cada três trajetos com o patinete substituiu um de carro. Por isso, consideramos ter impedido emissões equivalentes a 6220 toneladas de co² em dois anos". A Bird também reivindica cerca de 5700 toneladas de co² em menos de um ano. 

Uma pesquisa feita com 4500 usuários do serviço nas cidades francesas de Paris, Lyon e Marselha, mostrou que apenas 19% deles usam o patinete para ir ao trabalho ou escola. Do total 42% eram visitantes estrangeiros. Sem este equipamento 44% das pessoas teriam caminhado, 12% ido de bicicleta e 30% de transporte público. Ou seja: o patinete não estaria de forma alguma substituindo os automóveis.

"Isso não significa que se tenha que jogar os patinetes no lixo", defende o chefe do Serviço de Mobilidade da Agência de Controle de Energia da França, Jérémie Almosni. "Pode surpreender que 50% do uso dos patinetes seja recreativo, mas no geral, ele favorece a intermodalidade (uso de diversos meios de transporte) e estimular as pessoas a abandonar o carro.

Tempo de vida

Outra dúvida frequente diz respeito a duração média dos patinetes compartilhados. "Hoje é impossível saber se é bom, ou ruim, para o meio ambiente, porque falta uma análise do ciclo de vida deste objeto tão recente", afirma Denis Benita, engenheiro de transportes da Ademe.  

Sobre a duração dos patinetes, diversos relatório indicam que gira entre 1 e 3 meses, porém, as empresas dizem estar multiplicando os investimentos para melhorar a solidez e rentabilidade. Elas afirmam que hoje em dia os patinetes apresentam uma duração duas vezes maior do que quando começaram em 2018, isso graças a uma equipe de mais de 200 mecânicos e uma política de reutilizar o máximo de peças possíveis.  

Outro ponto abordado é o fato de que os patinetes são equipados com baterias de lítio, cujo ciclo de vida dura de 3 a 5 anos. Em relação a isso as empresas dizem ser capazes de reutilizar 70% de seus componentes.

Para finalizar, existe também o grande impacto ecológico dos "carregadores" que recolhem os patinetes a noite para carrega-los. Em casos extremos, alguns deles foram surpreendidos recarregando os equipamentos com um gerador elétrico à base de gasolina em Paris.

Redação: Gabriel Stelita Schalch | Direção: Thiago Manias  


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